terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Um ano positivo para a logística

Há de se considerar que 2011 foi um ano positivo para o desenvolvimento da logística. Uma área relativamente nova no Brasil, mas que se firma possibilitando novas soluções para as mais diversas dificuldades. E isso sobreveio em 2011 após certa “acomodação” do setor em meio à falta de desenvolvimento de ferramentas adequadas. É bem simples constatar isso com o impulso anual positivo de muitos mercados, principalmente os nacionais.

Com a instabilidade de governos internacionais pela queda de seus regimes antidemocráticos que, acredita-se ser temporária, é importante analisar as possibilidades de crescimento desses países após a abertura de seus eixos à globalização, e temos tudo a ver com isso. Embora considerando a forte crise européia, reflexo da crise norte-americana de 2008, agravada com o descontrole das contas públicas e pelas particularidades de cada país-membro onde a solução ainda parece longe, pois o bloco ainda espera por um plano que venha estreitar a união fiscal desses países para dividir o efeito da crise. A Espanha precisa dividir sua crise interna urgentemente…
Mais uma vez, “temos tudo a ver com isso”. O Brasil está se consolidando no mercado internacional – embora ainda haja muito que caminhar – e vem se desenhando como uma ótima alternativa para investimentos. Víamos nossas divisas se esvaindo pelos cortes de um mercado que sangrava sem alternativas e agora vemos a avaliação positiva do mercado internacional que possibilita investimentos cuja cautela agora parte de nós. Estamos emprestando dinheiro ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e logo teremos mais peso nas tomadas de decisões que envolvem nossa pele também. Enfim, o Brasil está amadurecendo.
Como nada é perfeito, as mazelas que acompanham esse processo também crescem proporcionalmente. Daí a atenção precisa ser triplicada para não acharmos que podemos vencer o campeonato sem marcar gols. Uma economia estável também vive momentos delicados para sua continuidade, até com mais responsabilidades do que quando não se tinha muito o que perder. Aqui mora o perigo. O desenvolvimento tecnológico tem que acompanhar tudo isso para que se possa lucrar com parcerias e não amargar prejuízos com as competições.
Contudo, podemos esperar um 2012 no mesmo ritmo. Podemos esperar um Brasil crescendo não só por uma Copa do Mundo ou por uma Olimpíada. Esses eventos representam uma conseqüência daquilo que o Brasil desenvolveu nos últimos seis anos. Não se pode limitar expectativas de crescimento a eventos passageiros. O Brasil está mais forte do que tudo isso.
A Logística vem nesse trem. E não é à toa que citei esse meio. As ferrovias brasileiras terão um desenho muito diferente daqui a 10 anos. E não será só esse modal. Nos próximos anos os investimentos em infra-estrutura serão altíssimos. Grandes empresas estão se preparando para isso. Conforme um congresso realizado em Fortaleza, no último mês, os números revelam uma reestruturação das malhas viárias visando escoar melhor e agregar valor à produção nacional. O desenvolvimento de novas soluções logísticas será uma conseqüência – embora eu preferisse que o tivesse sido por um plano estratégico antecipando esse crescimento.
De qualquer forma, podemos contar com uma atenção maior à Logística – algo que sempre mereceu – e com anos vindouros onde seu fortalecimento será garantido, não só pela necessidade, mas pelas formas magníficas de apresentar soluções. Aos profissionais da área, cabe buscar o conhecimento para o fortalecimento do setor com novas oportunidades. E essas oportunidades virão para saborearmos novas vitórias e para fazermos história.
Aos caros leitores, fica a certeza de que estaremos juntos em 2012, se assim Deus permitir, e meus sinceros desejos de um Natal de Paz e um Novo Ano de prosperidades para todos.
Que venha 2012!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Como liderar uma reunião produtiva

Seja para a realização de um trabalho acadêmico ou para decisão de problemas da empresa, às vezes nos vemos obrigados a liderar uma reunião. As reuniões podem ser seu calcanhar de Aquiles, ou elas podem tornar-se um fórum onde decisões produtivas são tomadas e os projetos seguem em frente. Para garantir que suas reuniões sejam um sucesso e ocorram sem problemas, existem alguns passos simples que você pode seguir e o ajudarão em sua atividade de liderança.

Passo 1: Preparação

Este é um passo crucial para manter sua reunião na linha. Para cada hora planejada de reunião, prepare-se por uma hora. Além disso, não deixe a preparação para a véspera da reunião porque você estará com pressa e provavelmente esquecerá de pontos importantes.
Você deve ter bem claro qual o objetivo da reunião ao entrar em contato com aqueles que participarão do encontro. Veja 4 diferentes tipos de reuniões, cada uma com seu objetivo específico:
1. Informativa: Você repassa informações e atualizações, você responde perguntas do público presente.
2. Exploratória: Você coleta ideias diferentes.
3. Tomadora de decisão: Você selecionará uma ideia ou alternativa dentre várias disponíveis.
4. Relatório de progresso: Você discute sobre o andamento de tarefas ou prioridades específicas dentro da sua alçada (departamento, assunto do trabalho, etc).
O último passo na preparação para uma reunião é entrar em contato com cada um dos participantes que apresentará algo na reunião, para dar-lhes alguma informação prévia e instruções. Você precisa garantir que os envolvidos compreendam o objetivo para que a conversa seja produtiva.

Passo 2: Crie regras e objetivos

Uma habilidade importante que as pessoas precisam aprender é como criar regras básicas logo no início da reunião. Basicamente, você precisa criar expectativa e previsibilidade: o que os participantes poderão esperar dessa e das próximas reuniões com você. Essas regras incluem a participação e presença nas reuniões, uso de celulares e/ou computadores, respeito mútuo, como as discussões serão mediadas e como as decisões serão tomadas. Como você tem feito isso?
Também é importante que todos saibam o objetivo da reunião, que neste ponto você já sabe pois fez bem o seu trabalho no Passo 1. Mas muitos líderes se esquecem de compartilhar essa informação com o grupo. O que se espera conseguir ao final dessa reunião? O que teremos feito ou decidido ao final desta reunião?
Muitas pessoas adoram debater e conversar e discutir, e isso pode levar o encontro para um objetivo diferente do que foi traçado. Usando verbos diferentes como “discutir”, “finalizar” ou “decidir”, você pode guiar os próximos passos com mais clareza. Isso ajuda a limitar a conversa. Veja um exemplo de convite para uma reunião mal feito: “Escutar recomendações do comitê de seleção sobre quem entrevistar”. O objetivo é vago e abre espaço para muitas interpretações, que podem tirar sua reunião dos trilhos. Leia agora esse convite: “Finalizar a lista de candidatos a entrevistar”. Seus colegas saberão imediatamente o que será discutido e decidido.

Passo 3: Como lidar com personalidades fortes?

Às vezes algum participante tentará “roubar” sua reunião, levantando seus próprios tópicos, que divergem dos objetivos e assuntos que você já traçou e estabeleceu. Algumas pessoas tomam a palavra e não dão oportunidades aos outros participantes de se expressarem. Alguns simplesmente não aceitam opiniões diferentes. Veja como reagir se você está liderando uma reunião assim (e tenha certeza de não ser esta pessoa quando você participa de reuniões):
1. Durante a reunião, repita o que a pessoa falou, usando um tom de voz calmo e neutro, e peça aos outros participantes sobre seus pontos de vista. Isso mostra que você escutou o que ele disse, e ao mesmo tempo dá oportunidade aos demais participantes.
2. Converse com a pessoa em particular e dê um feedback, informando que todos devem expressar e respeitar as opiniões durante as suas reuniões.

Passo 4: Envolva o seu público!

Nem toda a responsabilidade sobre o sucesso da reunião deve ficar nos ombros do líder! Todos temos que fazer um esforço consciente para nos engajarmos nas discussões. O principal objetivo de qualquer reunião é que as pessoas saiam dela com a sensação de que fizeram algo, que uma decisão foi tomada e que agora alguma ação será posta em prática. Isto só ocorre depois de uma reunião bem estruturada.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O jovem perfeito já era

Vanessa Vieira 
Crédito: Thinkstock
 - Crédito: Thinkstock
Os empregadores estão redefinindo as exigências para o candidato ideal. Fluência em inglês e espanhol, vivência no exterior e experiência profissional não são mais pré-requisitos 
Há uma novíssima e diferente safra de trainees. Se antes a formação em carreiras tradicionais, como administração e engenharia, inglês avançado, vivência no exterior, experiência profissional e, em alguns casos, até pós-graduação eram exigências inegociáveis, agora algumas empresas estão mais flexíveis na seleção, abrindo mão desse perfil de "superjovem".

É o caso da L’Oréal, onde a fluência em inglês deixou de ser um pré-requisito do programa de trainees. "Nós valorizamos a inteligência emocional, que é como o profissional encara os desafios do dia a dia. Queremos dar a oportunidade e, quando ele já estiver dentro, apoiaremos o aprendizado do idioma, se for o caso", afirma Juliana bonomo, gerente de recrutamento e seleção da L’Oréal Brasil.

O inglês fluente também deixou de ser fator eliminatório no programa de trainees da Unilever, da Souza Cruz e do Magazine Luiza. "Antes, olhávamos o histórico acadêmico e a quantidade de diplomas. Hoje, focamos mesmo nas competências do candidato", diz Telma Rodrigues, diretora de gestão de pessoas do Magazine Luiza.

Para Carla Esteves, diretora da Cia de Talentos, consultoria especializada em jovens, não houve uma redução do nível de exigência, mas uma mudança de prioridades. "Alguns pré-requisitos tiravam da disputa pessoas que tinham um perfil comportamental excelente", diz.

De acordo com Carla, critérios como o grau de adesão aos valores da organização e o alinhamento de expectativas são mais decisivos hoje do que um currículo perfeito. "É mais fácil complementar aspectos técnicos da formação de um candidato com um curso de inglês ou de informática do que mudar sua atitude", diz. Assim como a Johnson & Johnson, companhias como Oi, ALL e Natura também estão admitindo jovens com outras formações profissionais.

Novos filtros 
A Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul, foi uma das pioneiras na mudança da seleção do perfil do trainee. Desde 2004, o programa da companhia, que a cada edição seleciona cerca de 20 candidatos, admite formados em qualquer área de graduação. "Para sermos inovadores, precisamos de diversidade, criatividade, jeitos diferentes de pensar", diz Úrsula Angeli, gerente-geral de desenvolvimento organizacional da Whirlpool.

Para ela, o fato de um candidato não vir de uma carreira na área de negócios não representa nenhum tipo de limitação para o desempenho de suas atividades. "Estamos formando gestores. Eles não têm que dominar todos os conhecimentos técnicos, mas ter a habilidade de formar ótimas equipes", diz.

Foi a partir dessa perspectiva que a psicóloga Marcella Xavier foi selecionada como trainee. "O programa da Whirlpool forma pessoas para atuar em qualquer área do negócio. Valoriza-se a versatilidade", explica ela, que acredita que a formação em psicologia lhe dá uma sensibilidade maior para entender os desejos dos clientes, bem como as necessidades dos colaboradores. Ao que tudo indica, a estratégia de diversificação adotada pela Whirlpool está correta — o índice de retenção do programa de trainees chega a 70%.

Diante das mudanças na expectativa sobre o perfil dos trainees, o processo seletivo também precisou mudar. Antes, nas fases online, só eram filtrados os conhecimentos específicos. "Só começávamos a conhecer a personalidade do candidato nas fases presenciais, ao fim do processo", diz Carla, da Cia de Talentos.

Para mudar isso, empresas e consultorias têm desenvolvido novas ferramentas virtuais para filtrar os candidatos segundo suas atitudes e valores. Isso pode ser feito por meio de questionários, entrevistas, chats com os gestores das companhias, envio de vídeos e participação em games, nos quais se avalia a tomada de decisão dos candidatos. "Essas ferramentas aumentam a probabilidade de aprovação do jovem quando ele chega à fase presencial, porque já o conhecemos bem", afirma Carla Esteves.

Para Elisabeth Pelay, coordenadora de projetos da consultoria Across, os novos métodos permitem selecionar os candidatos que, de fato, se identificam com a cultura de cada empresa. "Percebíamos que, quando filtrávamos pela nota de corte dos testes cognitivos, tínhamos sempre os mesmos finalistas, aqueles que atiravam para todos os lados", diz ela.

Na Natura, o processo seletivo atual conta, ainda na fase online, com atividades que permitem analisar a personalidade e o comportamento do profissional. Para a coordenação do programa, um dos sinais da efetividade do método é que cerca de 7 000 pessoas desistem do processo ainda nessa etapa, por não se sentirem identificadas com a empresa.

A avaliação dos conhecimentos específicos também está diferente, já que o segundo idioma deixou de ser critério eliminatório. "Não buscamos especialistas, mas gente que entenda o negócio como um todo", afirma Denise Asnis, coordenadora do programa de trainees da Natura, que recruta 35 jovens a cada edição.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Prepare-se para as entrevistas de emprego



Na semana passada mostramos que existem muitas vagas de emprego, estágio e trainees abertas no Brasil. Com isso, é importante dar informações sobre o próximo passo a ser seguido.
Escolha a região, encontre uma vaga dentre as milhares que estão nesta lista ou na nossa página permanente Há Vagas e agora você verá o processo de uma entrevista de seleção. Existem 3 pontos que um entrevistador precisa cobrir ao recrutar um candidato.
Ele vai querer saber:
dicas para entrevista de emprego1) Você é a pessoa certa para a vaga? Sua experiência, treinamento, educação, atitude e interesse são suficientes e o tornarão produtivo no futuro?
2) Quem é você? Do que você gosta? Quais características e qualidades você possui?
3) Você irá se encaixar com os outros na minha empresa? Você fará parte de um problema ou de uma solução?
Se o entrevistador achar que as 3 respostas são favoráveis a você, então ele se fará uma quarta: quanto você custará para mim?
Para descobrir as respostas ele pode fazer a mesma pergunta de formas diferentes, por isso você deve ter sempre alguns exemplos (quanto mais melhor) de situações concretas pelas quais você passou. Aqui vão algumas questões mais comuns em entrevistas:
Fale-me um pouco de você? - Esta é a pergunta mais importante da entrevista porque é o momento em que você tem para fazer seu marketing pessoal, mas cuidado para não se estender muito. A resposta não deve ser muito curta nem muito longa. Sempre nos dizem que uma resposta entre 2 e 3 minutos é mais que suficiente.
Você deverá falar de seus conhecimentos (formação acadêmica e/ou outros cursos, habilidades com softwares, enfim, conhecimento técnico) e das habilidades, que são as qualidades interpessoais necessárias para a vaga, tais como comunicação, solução de problemas, liderança, etc.
É importante que falemos sobre alguma situação concreta na qual estejam envolvidas todas as qualificações exigidas para a vaga.
Procure lembrar de situações desafiadoras nos projetos em que você trabalhou.
Me conte sobre sua experiência com este tipo de trabalho?
Por que você quer trabalhar aqui?
Por que você saiu do seu último emprego?
Qual salário você espera receber? – Profissionais divergem neste ponto, mas minha sugestão é não dizer um valor exato. A sugestão é dizer “Eu sou flexível e estou pronto para discutir um valor que seja justo para ambos e que considere minhas responsabilidades e qualificações”. Provavelmente o entrevistador vai insistir para que você diga um valor, então o melhor seria algo como “algo no intervalo entre X e Y”. Não se subestime, mas olhe para o seu CV e não peça algo fora da sua realidade nem da realidade da empresa, senão ela vai te considerar muito caro e você acaba perdendo a oportunidade.
Por que você acha que iria gostar deste trabalho?
O que você conhece sobre nossa empresa?
Quais os seus pontos mais fortes?
Quais as suas fraquezas?
Quais as 5 palavras que melhor descreveriam você?
O que seu último chefe falaria de você? (e sim, eles vão ligar para confirmar!)
Além das questões acima e muitas outras, ainda tem as questões comportamentais, com as quais o entrevistador tenta descobrir um pouco sobre sua personalidade:
Me dê um exemplo de quando você teve que tomar uma decisão muito rápida para algo que era realmente importante.
Descreva um caso em que você passou por uma situação muito difícil e estressante, que realmente testou seus limites. O que você fez?
Como você normalmente planeja seu dia de trabalho quando você pode escolher? Descreva o plano de trabalho de um bom dia.
De maneira geral, você prefere esforços individuais ou de equipe? Descreva um tipo de trabalho que você goste.
Descreva o trabalho mais criativo que você já desenvolveu.
O que você faz melhor que seus colegas de trabalho?
Por que eu deveria contratar você?
Você acha que pode estar sub- ou super-qualificado para este trabalho?
Explique como você mostrou liderança diante de uma situação desafiadora?
Depois de ler estas dicas, prepare seu CV baseado neste modelo e corra para encontrar sua vaga na seção Há Vagas.
Colabore com seus colegas e distribua a informação.
Boa sorte!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A evolução das linhas de montagem e produção

Hoje repletas de tecnologias, robôs e muitas esteiras, as primeiras linhas de montagem foram idealizadas nas Fábricas da Ford em 1908. Ford já havia construído outros veículos de forma artesanal desde 1896, quando trabalhava como engenheiro para a empresa de componentes elétricos de Thomas Edison (sim, o inventor da lâmpada!).


Em 1908 Ford idealizou a linha de montagem, que baratearia custos de produção e produziria os veículos de maneira muito mais ágil. De fato, a ideia deu certo e revolucionou as fábricas do mundo todo no último século.

Em 1910 a produção de um modelo Ford T levava apenas 93 minutos. O preço era muito abaixo de outros veículos comercializados na época: um modelo de 4 lugares era vendido em 1909 por US $850 (equivalente a US $20 700 hoje), enquanto outros veículos eram vendidos entre 2 e 3 mil dólares, algo em torno de 50 a 70 mil dólares hoje em dia. Em 1913 o preço caiu para US $550 e em 1915 para US $440, equivalentes a menos de 10 mil dólares hoje. Em 1914, um operário da linha de montagem do próprio Ford T conseguia comprar um destes carros com o salário de 4 meses.

Com esta inovação nas linhas de montagem, onde os produtos moviam-se de um funcionário ao outro, era preciso pensar em questões de segurança. Ford tinha regras de segurança bem estritas, limitando o espaço por onde os funcionários podiam se mover nas fábricas. Isto reduziu drasticamente os acidentes de trabalho. O sucesso da linha de montagem de Ford, associando bons salários com alta eficiência de produção foi logo imitado por várias indústrias.

Hoje as fábricas são muito mais modernas do que eram no início do século passado. Computadores controlam boa parte do processo e muitos robôs interagem com humanos ou mesmo fazem etapas da produção de maneira autônoma.

Um exemplo recente desta tendência é a Foxconn, empresa que fabrica muitos dos produtos da Apple (como iPhone, iPad, iPod) e que se instalará no Brasil para produzir alguns destes produtos em breve. A empresa emprega 1 milhão e 200 mil pessoas e tem atualmente em torno de 10 mil robôs. Na última semana, a empresa declarou que substituirá parte de seus empregados por 1 milhão de robôs nos próximos 3 anos. Os robôs seriam encarregados de tarefas simples e repetitivas tais como soldagem, passar spray e montar os produtos. Ao contrário das antigas fábricas da Ford, algumas fábricas da Foxconn tiveram problemas com baixas condições de trabalho e alguns suicídios.

Um dos robôs que está cotado para ser “contratado” pela Foxconn é o Frida, produzido pela ABB. Você confere um vídeo sobre o Frida abaixo:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Cjo4AsTVh0s

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Logística de produtos asfálticos

Por aqui começa o modal rodoviário
Por Marcos Aurélio da Costa *

Tenho certeza que após essa leitura você verá o asfalto em que trafega de uma maneira diferente. A maioria das pessoas não faz ideia da história, da logística e engenharia envolvidas nesse processo cujas pesquisas avançam se contrapondo à situação do mercado atual, não pela demanda, pois em 2010 a retirada foi recorde alcançando cerca de 3 milhões de toneladas no Brasil, mas pela situação de um mercado de lucro difícil já que o asfalto representa apenas 1% do faturamento obtido no refino do petróleo bruto.

Para uma melhor compreensão, se faz necessária uma breve história sobre o asfalto que é, sem dúvida, um dos mais antigos materiais utilizados pelo homem: Escavações arqueológicas dão conta de que a Mesopotâmia já utilizava o asfalto natural derivado do carvão, o alcatrão, como aglutinante em trabalhos de alvenarias e construções de estradas. Os egípcios utilizavam-no em trabalhos de mumificações. Segundo citações bíblicas, foi utilizado também como impermeabilizante na Arca de Noé.

As pavimentações asfálticas pioneiras datam de 1802 na França, 1838 nos Estados Unidos (Filadélfia) e em 1869 na Inglaterra e foram executadas com asfaltos naturais provenientes de jazidas. Esse material foi perdendo força a partir de 1909 para o asfalto derivado do petróleo, mais puro e economicamente viável. No Brasil, o piche, como ainda é conhecido por muitos e, erroneamente, atribuído como matéria-prima do processo de asfaltamento, foi deixando de ser utilizado na década de 60 dando lugar aos produtos dos dias atuais.

Hoje, a base é o CAP (Cimento Asfáltico de Petróleo) que é o produto obtido após a extração dos gases, querosenes, gasóleos, graxas e demais materiais que compõem o petróleo bruto. É um material termossensível e sua temperatura ideal para operação é em torno de 140º graus. Dele, podem ser produzidas diversas emulsões com aplicações a frio, utilizá-lo puro ou misturado a polímeros e borrachas recicladas para formar a massa asfáltica que é o resultado da mistura desses ligantes aos agregados (areia, pó de pedra, brita) usinados a quente.

Muitos acham que a pavimentação depende, pura e simplesmente, do emprego da massa na superfície, o que não é verdade. O processo de imprimação e aplicação da massa asfáltica tem como objetivo a impermeabilização da base, conforto e segurança em diferentes aspectos de solo e condições climáticas.

Para o CAP e derivados, a logística é exigida em suas particularidades. As carretas podem ser quentes (com isolamentos térmicos dotadas de maçaricos) ou frias para o transporte das emulsões e impermeabilizantes. Na dinâmica de utilização dessas carretas não se pode misturar lastros ou transportar quantidades inferiores à capacidade sob pena de rompimento das moléculas dos produtos e riscos de acidentes. Esse transporte também é feito em vagões ferroviários, navios e tambores de 200 litros para pequenas obras.

A logística desse mercado é bem complicada. A boataria é intrínseca e são muitas as condições variáveis que comprometem as operações. De começo, é um mercado sazonal determinado por intempéries, fatores econômicos e políticos. O asfalto perdura como sinônimo de progresso e transportar esse progresso não é fácil. Inclui-se nisso, a dinâmica para lidar com negociações em obras que, devido a problemas climáticos ou operacionais, ficam dias, semanas, meses com o carro no chamado “toco” (aguardando descarga). Como a política de pagamento de diárias não é bem difundida nesse ramo, há a extrema necessidade do domínio de informações a fim de evitar prejuízos maiores. No entanto, alguns se utilizam dessa prática para atrair novos negócios fortalecendo assim, uma cultura altamente prejudicial a essa logística: O cliente teme não ser atendido em tempo hábil e comprometer o andamento da obra, a distribuidora teme perder esse cliente e sobra para o transportador que fica com o equipamento parado sem ter como cobrar. Por isso que é, sem dúvida, o maior problema da área. O desvio de parte da carga pelo operacional também é observado. Por se tratar de carga a granel de um valor considerável a operação corre esse risco, atenuado com um bom controle já que o local de entrega varia das usinas das capitais até os locais mais ermos.

Os problemas já podem começar nos carregamentos nas estações da Petrobras que passam por um check-list minucioso que vai desde a documentação até a inspeção do último carregamento realizado na carreta para evitar, dentre outros, a fervura. Esses carregamentos são agendados via sistema e o atraso implica no não carregamento e cancelamento de mais um carro da mesma distribuidora. Rigor necessário para que haja um ambiente de igualdade na linha de distribuição. Contudo, esses não são os maiores problemas. Além do já mencionado “toco”, essa logística sofre com o baixo retorno financeiro, principalmente em períodos invernosos. Já com o mercado em alta, a oferta de transporte se torna insuficiente à procura. Em 2011 teremos mais uma forte demanda já prevista no mercado. Como nos dois últimos anos, nesse também se fará necessária a importação de navios oriundos da Ásia, Estados Unidos e Europa para complementar nosso processo, pois a produção efetiva não é suficiente para atender a velocidade das retiradas em período de alta. Isso não implica pagar mais, implica investir menos.

A verdade é que o Brasil precisa dar mais atenção ao mercado de asfalto diante do desenvolvimento que se projeta para agregar valores em outros processos de cargas rodoviárias. Não se pode começar uma construção pelo teto. O País vê o crescimento das ferrovias e portos (também muito importantes) como se o rodoviário fosse se extinguir. É preciso aumentar os “investimentos fiscalizados”. O setor vem mudando um pouco a visão, o PAC é um exemplo disso, mas numa velocidade abaixo da que o mercado opera e da que o Brasil necessita.

Com isso, dá para entender algumas das deficiências do modal rodoviário – o mais utilizado. Ele depende dessa logística de asfaltos para nascer com rotas alternativas e mais seguras, todavia se afeta com essa situação que é sempre a mesma ano após ano. Mas isso não pode ser atribuído apenas às condições climáticas, à falta de ética no mercado, aos baixos preços de fretes ou às condições de trabalho. O mercado, com algumas exceções, ainda vive a nostalgia dos tempos de dinheiro mais fácil (décadas de 70, 80 e 90) e não se desenvolveu estrategicamente com novas soluções logísticas, tampouco traça um plano financeiro que atenue o cruel período de baixa. Papel a ser desenvolvido por aqueles que tiverem o empreendedorismo nas veias e a capacidade de enxergar as oportunidades no mercado e não passando pela janela. Pois o sucesso existe nesses mercados difíceis, a questão está na busca e no tornar favorável uma situação adversa.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Déficit tecnológico – o Brasil está em perigo

Por Marcos Aurélio da Costa *

O mercado brasileiro não fala em outra coisa que não seja aquecimento e falta de qualificação. Diante disso, surge o chamado “déficit tecnológico” percebido com estudos desse mercado e causado, principalmente, pela falta de qualificação e de direção nos investimentos voltados à tecnologia.

Hoje, a quantidade de produtos com alguma tecnologia que importamos é bem maior do que a quantidade que exportamos. Isso é déficit tecnológico. Com o avanço das economias mundiais, especialmente a chinesa, isso vem se acentuando e nos preocupando, pois até 2007, pouco se falava sobre essa relação econômica e sobre as consequências de um efeito dessa natureza na “independência comercial” do Brasil.

Infelizmente, pela deficiência do nosso sistema educacional, pela crise da qualificação profissional do nosso País e pelas concessões às empresas estrangeiras que se instalam no Brasil com acordos que contemplam, única e exclusivamente, a relação impostos/empregos e não o acesso e transferência de conhecimentos tecnológicos, o déficit tecnológico é uma realidade assustadora que cresce 20% ao ano. Em 2011 vamos chegar aos US$ 100 bilhões. Isso significa que num futuro não muito distante, duas ou três décadas, a continuar essa situação, o Brasil se tornará um país revendedor de tecnologia. E isso não se deve à falta de investimentos. No primeiro trimestre desse ano, recebemos 17,5 bilhões em investimentos estrangeiros. O problema está na condução desses investimentos e na falta de clareza nos acordos e concessões.

As empresas que têm a tecnologia como base de seus processos produtivos, vêm importando, cada vez mais pelo custo tecnológico, módulos de seus produtos onde fica para o Brasil apenas a função de montar e comercializar. Ou seja, não há transferências de tecnologia e só montamos aquilo que vem pronto (modulado) geralmente da matriz ou de outro país com processos tecnológicos mais desenvolvidos e, por isso, mais enxutos. E isso não é prática apenas de empresas estrangeiras. As empresas nacionais, de grande e de médio porte, se utilizam das importações de módulos com componentes, antes desenvolvidos aqui, para seus processos com menor custo e maior praticidade. A intenção é clara: competitividade. Mas a cada dia, importamos mais máquinas, motores e placas eletrônicas e demitimos profissionais do desenvolvimento e produção de válvulas, transistores e outra série de componentes. O mercado mundial está em constante transformação e o Brasil precisa acompanhá-lo com as “turbinas” ligadas.

O que se observa é que essa preocupação com essas transferências de tecnologia se dá em contratos esporádicos dependendo do valor, como no caso da compra dos aviões de caça para a Força Aérea do Brasil. Claro que vamos aprender, mas muitos países já invejam a Embraer pela sua excelência na produção de aviões comerciais e executivos. Precisamos sustentar isso para vários outros segmentos. Quanto aos outros contratos para instalação, como já dito, o fator maior da moeda de troca é o emprego. O que não digo que não seja necessário, mas tolhe a criatividade do brasileiro além de não ser isso que dê segurança econômica às pessoas, pelo contrário, quando empresas assim deixam países, a única coisa que deixam é o desemprego, mas quando se deixa conhecimento se deixam alternativas para desenvolvimento.

O Brasil de estudos e pesquisas tecnológicas é o que atenua essa situação. Mas ele não reverte essa situação por si só. Essa área da tecnologia, ainda muito forte, condiciona seu crescimento à visão do que é crescer com sustentabilidade. O conhecimento tecnológico é a peça fundamental para isso e estamos colocando-o em rico achando que o que dominamos será suficiente para nos trazer segurança comercial. Já não o é. Isso só se reverterá com programas de qualificação e valorização dos profissionais inovadores, pois há muito exportamos esses profissionais para o sucesso em outros países. Precisamos de investimentos sérios que tenham a visão de que o desenvolvimento sustenta a produção e não o contrário.